quinta-feira, 15 de março de 2007

sobre Alberto Caeiro

“Tristes de nós que trazemos a alma vestida. ”

Alberto Caeiro: poeta-ingênuo, poeta-pastor
• Nasceu em Lisboa: 16 / 4 / 1889 e faleceu tuberculoso em 1915.
• é um poeta bucólico, de espécie complicada. Em uma primeira leitura dos poemas de Caeiro, o que fascina o leitor é a sua (aparente) amenidade.
• homem simples que viveu no campo e não completou o ensino primário.
• Segundo Fernando Pessoa, Caeiro iniciou o verdadeiro paganismo, que não pode ser confundido com uma religião ( por isso diferente do paganismo grego), mas um método de interpretação do mundo que nega as dicotomias mente/ corpo e razão/ sentimento (em que se baseiam a cultura ocidental).
• Caeiro tenta se despir do pensamento tradicional para chegar a substantivação absoluta, no sentido que as coisas do mundo existem por elas mesmas, e não em relação às outras ( como propõem as associações filosóficas, poéticas, míticas e místicas). Por isso, Caeiro despreza os poetas árcades, românticos e sombolistas que conotam a natureza a partir de seu estado de espírito.
• Atitude Zen Budista: Caeiro defende um pensamento contra o pensamento; uma filosofia antifilosofia e nega qualquer forma de espiritualismo ou de transcendência , ou seja, nega a idéia de qualquer realidade além daquela que constitui nossa experiência concreta e imediata das coisas.
A essência da atitude ZEN, em Caeiro, pode ser descrita com a expressão de Oswald de Andrade: “ ver com olhos livres.”
• Caeiro veio reconstruir; é a própria essência que chamou de Averno.
• Caeiro é o “Grande Pan” que anunciará a “boa nova”.
• Caeiro cria uma forma própria de perceber o mundo e a existência. Essa originalidade o fará mestre dos outros heterônimos, inclusive Fernando Pessoa.

O universo que Caeiro vê é o contrário do que vêem dos homens do nosso tempo, os homens de nossa civilização desde que ella se formou na morte apparente do paganismo. Para nos dar a substância absoluta do pagão que os pagãos, mais puramente que elles. É-o”
Antônio Mora in Fernando Pessoa. Obra em Prosa. RJ.

• Em Caeiro, o eu-lírico apropria-se da reflexão de seus poemas, revela ao leitor um projeto de crítica ao “pensamento tradicional” e uma nova proposta de olhar / conceber a existência.


• Caeiro recorre a Anáforas e Polissíndetos
• Vocabulário é prosaico, restrito, as mesmas palavras e expressões se repetem com pequenos intervalos, sem se perocupar com a pobreza de estilo. Versos livres e brancos; essas características modernas o aproximam do desejo do despojamento, de despretensão e de (aparente) simplicidade
• O discurso de Caeiro é (falsamente) tranqüilo, despretensioso e um olhar inocente para as coisas
• A escrita é menos culta e menos rigorosa
• Os versos parecem prosa pois são uma forma ritmicamente frouxa de verso livre, cujo andamento dá a impressão de naturalidade, de espontaneidade, sem qualquer premeditação acústica.
• Caeiro pratica grau zero de estilo.


Obra em estudo Poemas Completos de Alberto Caeiro
• Não é considerada uma obra acabada
• Portugal vivia um período confuso, um ambiente depressivo e provinciano; embora a Europa estivesse em tempos de vanguarda e sob a euforia pelo Modernismo.

Sobre O Guardador de Rebanhos
• É uma metáfora e a metáfora está ligada ao processo de contenção dos pensamentos

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